terça-feira, 12 de novembro de 2013

Brasil e Peru consolidam tratados entre as duas nações



A presidente Dilma Rousseff e seu colega do Peru, Ollanta Humala, relançaram nesta segunda-feira a aliança estratégica bilateral, com três acordos de cooperação em matéria trabalhista, ambiental e de telecomunicações, durante visita oficial da líder brasileira a Lima.

Os presidentes e seus gabinetes se reuniram no Palácio de Governo peruano, onde conversaram por três horas sobre uma nova agenda para fortalecer a aliança estratégica entre ambos os países e que data de uma década.
Um dos acordos firmados dispõe que peruanos e brasileiros terão facilidades para poder trabalhar em ambos os países apenas com a apresentação do documento de identidade, sem a necessidade de visto, ou de permissão de trabalho.
Outro compromisso está relacionado ao meio ambiente e prevê o monitoramento e vigilância da vasta região amazônica compartilhada pelos dois países.
Um terceiro convênio firmado estabelece que ambos os países fixarão tarifas reduzidas de telefonia nas cidades próximas da fronteira, com o objetivo de evitar que essas regiões tenham de pagar chamadas internacionais para se comunicar de um país para o outro.
"Celebramos dez anos da nossa aliança estratégica. Um conjunto de projetos bilaterais foi implementado, e os resultados foram muito concretos", disse Dilma à imprensa após a reunião.
"Decidimos avançar em novos eixos de integração. Peru e Brasil estão na obrigação de construir uma integração com espírito democrático", acrescentou.
Já o presidente peruano destacou que "a relação estratégica e a integração em infraestrutura entre Peru e Brasil é irreversível e inexorável, visando ao desenvolvimento de ambos os povos".
"Estamos firmando um conjunto de acordos, mas estamos fazendo mais do que isso, estamos delineando o caminho para avançar na relação de associação estratégica", enfatizou.
Humala disse que, em seu encontro com Dilma, ambos os governos trocaram experiências sobre a implementação de planos sociais, como o programa de farmácias populares aplicado no Brasil para a venda de remédios a preços baixos em todo o país.
O presidente peruano lembrou que, atualmente, há projetos conjuntos de investimento em petroquímica, transporte público, energia, projetos de ampliação da fronteira agrícola, integração da banda larga em telecomunicações, assim como a modernização de portos e aeroportos.
Dilma Rousseff reconheceu os benefícios da estrada Interoceânica, que une o sul do Peru aos estados brasileiros do Acre, Rondônia e Mato Grosso, beneficiados, segundo ela, com o aumento do turismo e do comércio. O mesmo benefício atinge as regiões peruanas de Arequipa, Cuzco e Madre de Dios, acrescentou.
A presidente brasileira destacou o aumento do comércio entre ambos os países, apontando que, de janeiro a setembro, as exportações peruanas aumentaram em mais de 50%.
"O Brasil terminará este ano, tendo o Peru como importante sócio comercial. O Peru é o terceiro destino dos investimentos brasileiros na América do Sul", acrescentou Dilma
Antes de chegar a Lima, Dilma destacou no Twitter que "o Brasil investiu US$ 6 bilhões no Peru, com mais de 70 empresas no país, incluindo as principais multinacionais brasileiras".
O presidente da Câmara Binacional de Comércio e Integração, Miguel Vega Alvear, disse à AFP que o Brasil "está em condições de quintuplicar seus investimentos no Peru durante os próximos 20 anos", passando de US$ 6 bilhões para mais de US$ 30 bilhões.
O empresário peruano se referiu a uma nova agenda para um cenário de duas décadas de cooperação nas áreas de energia, hidrovias, petroquímica, estradas, têxtil, turismo, entre outros.
"Na aliança estratégica para os próximos 20 anos, o Brasil será o sócio industrial e tecnológico, e o Peru, a porta para que o comércio brasileiro tenha melhores acessos aos mercados da Ásia-Pacífico", acrescentou Vega Alvear.
Na última década, Brasil e Peru consolidaram projetos comuns de infraestrutura, desenvolvimento e segurança fronteiriça, educação, agricultura e programas sociais.
A importância da ferrovia
Um dos projetos de infraestrutura é a construção de uma ferrovia unindo os portos do Brasil e do sul do Peru, através da Amazônia e da serra de Cuzco. Esse projeto é considerado essencial para conseguir um aumento do fluxo comercial Atlântico-Pacífico, mas tem suas complexidades, disse à AFP uma fonte diplomática brasileira em Lima.

"Necessariamente, é preciso passar pela Amazônia, onde há questões ambientais e terras indígenas. Depois disso, estão as dificuldades da zona de montanha em Cuzco, onde é preciso fazer túneis para um trem", analisou a fonte, que pediu para não ser identificada.
Com o início do século XXI, observou-se a migração do comércio mundial do Atlântico para o Pacífico e, hoje, 59% do comércio mundial se desenvolve pela bacia do Pacífico, afirmou Vega Alvear.
"Por isso, para o Brasil, o Peru é hoje um sócio indispensável", completou, acrescentando que, "nos últimos dez anos, houve mais encontros empresariais e entre os governos dos dois países do que nos últimos 180 anos".
A balança comercial entre os dois países cresceu nos últimos seis anos acima dos 8% em média, de US$ 2,3 bilhões para US$ 3,7 bilhões anuais, de acordo com números da Associação Peruana de Exportações.

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