quarta-feira, 13 de março de 2013

Onde estão seus sonhos?


No dia 14 de Janeiro de 2013 eu embarcava no aeroporto Galeão rumo a Santiago como um cético. Quanto eu retornei no dia 21 ao Brasil eu não era o mesmo. Antes, sabia de cor as piadas de Paulo Francis sobre militância política e esquerdismos. Ao retornar, estava encantado com a atuação política da juventude chilena e com a história de Pablo Neruda e Salvador Allende.  Sempre que ocorrem essas transformações fico aqui pensando onde foram parar os sonhos das pessoas. Logo eu, que tinha em meu quarto uma bandeira de Ernesto Che Guevara e sonhava com dias melhores me tornei em um cético da pior espécie, do tipo sarcástico e ácido. Pra vocês terem uma ideia, na Argentina em 2011, eu usei a bandeira do Che apenas para tirar fotos com escandinavas e me entrosar com o pessoal do Hostel (e deu certo). 
Em Janeiro na casa de Pablo Neruda em Isla Negra

Onde foi parar este Igor? Sonhador e idealista?

Gostaria de saber onde foi parar o sonho de Gustavo, que presidiu o CA de História durante os bons tempos de Ufop.
O sonho de Isabel,  companheira de graduação que recentemente se desencantou com Cuba.
O sonho de Marcelinho que simplesmente decidiu morar em Manaus e nadar nos maiores rios do mundo.
O sonho de Ana que desde criança se encantava em ver o tio retirar os dentes para escová-los (uma dentadura obviamente) e decidiu tornar-se dentista.
O sonho de Mariah que abandonou um curso federal de alta rentabilidade para lançar-se ao projeto de tornar-se arquiteta.
Queria saber onde foi parar o sonho daqueles que, em Santiago do Chile , na calada da noite cantavam La Palmatoria ao lado de Victor Jara. O sonho daquela  multidão na Praça da Revolução em Havana acompanhando Pablo Milanés cantando Amo esta Isla.
Gostaria de saber onde estão os sonhos das milhares de pessoas que saíram às ruas pelas Diretas Já, que lutaram contra a ditadura em 64. 

Sarcasmo ácido das tirinhas dos Malvados

A pressa do dia-a-dia nos faz deixar de tomar café calmamente com aqueles que amamos, destrinchando o jornal e tecendo prosaicos comentários. Nos faz pensar em contas, em impostos em racionar o tempo. Aos poucos nos damos conta que aqueles sonhos juvenis de ideais utópicos como: liberdade, igualdade e companheirismo são meros devaneios de criança. Resta-nos este mundo repleto de relatórios, de ruas congestionadas com milhares de luzes vermelhas, de cafés apressados seguidos de um "tchau" seco, dias que não tem espaços para abraços demorados, dias que não deixam espaço para sonhar.

2 comentários:

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  2. Eu nunca soube dos meus sonhos na verdade. Sempre fui muito mutável... meus sonhos de ontem já nem são mais os de hoje... talvez voltem a ser o de amanhã... talvez sejam completamente diferentes.
    Mas a liberdade, igualdade e o companheirismo nunca me abandonaram.
    Os meus sonhos estão onde minha felicidade está.
    Mudando de figura, mudando de objetivo, mudando de ideal... meus sonhos são aquilo que me fazem sorrir sem precisar pensar se estou no caminho certo mesmo.
    os sonhos não devem ser uma âncora, Igor... nunca! Eles não têm o papel de nos fixar à um objetivo como se nós não mudássemos o tempo todo.
    Os sonhos devem ser jangadas. Nos levando onde queremos; e sempre que queremos mudar a direção, conseguimos!

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