domingo, 20 de julho de 2014

O brasileiro descobre que faz parte da América Latina

Porto Alegre ou Buenos Aires? Um desavisado que caminhasse pelas cercanias do estádio Beira-Rio, na quarta-feira, dia 25, poderia sentir-se na capital argentina. As avenidas que ligam o centro da cidade às margens do Rio Guaíba, rota conhecida como Caminho do Gol, pareciam as ruas perto de La Bombonera, o estádio do Boca Juniors, ou do Monumental de Nuñez, do River Plate. Quase 100 mil argentinos caminhavam em direção ao estádio ou rumo à Fifa Fan Fest. No caminho, dezenas de comerciantes argentinos vendiam – em pesos – churrasco, mate, Fernet (uma espécie de caipirinha amarga dos argentinos) e muito choripan, o chorizo no pão, um clássico das portas de estádios na Argentina.

Não foi privilégio de Porto Alegre. A Copa do Mundo transformou capitais brasileiras em pontos de encontro de variadas culturas latino-americanas e diferentes sotaques do espanhol com o espírito e o português brasileiros – uma invasão inédita na história do Brasil. Equatorianos e mexicanos passearam juntos na orla da Praia de Copacabana, cercados de cariocas. Chilenos e uruguaios cantaram em vagões de metrô a caminho do Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo, amontoados sobre paulistas. Colombianos e costa-riquenhos tomaram cerveja na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, e ganharam o carinho dos mineiros. Na Copa de 2014, nove seleções da América Latina se sentiram em casa fora de seu país.

Excluído o Brasil, anfitrião do torneio e fonte da maior demanda por ingressos da Copa, quatro países latino-americanos – Argentina, Colômbia, Chile e México – estão entre as dez nações que mais compraram ingressos para a Copa do Mundo, segundo a Fifa. Mais de 208 mil ingressos foram comprados na América Latina. Argentinos compraram 61 mil, colombianos 55 mil e tanto chilenos como mexicanos ficaram com mais de 30 mil. Muitos vieram sem ingresso. O Ministério do Turismo estima que mais de 450 mil latino-americanos tenham vindo ao país. A última Copa realizada na região, em 1986, no México, não chegou nem perto – estima-se que apenas 50 mil sul-americanos tenham viajado para lá.

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